domingo, 14 de fevereiro de 2010

Esperança...

"É bom ter esperança, mas é ruim depender dela".


A esperança é a última que morre. Frase feita, usada por nós todo o tempo, quase sempre com o objetivo de dar a alguém, ou a nós mesmos, um sentimento de que nem tudo está perdido, ou de que uma fase ruim irá passar. Pandora abriu a caixa e somente a esperança permaneceu lá, antes de fechá-la. Todas as demais virtudes se foram. Mas fico pensando cá com os meus botões: a esperança é uma virtude? Será?

Penso que existem dois tipos de esperança: a esperança-caminho, aquela que nos põe 'sentados com a boca cheia de dentes' a simplesmente esperar, imóveis, estáticos, agarrados unicamente a ela, à esperança de que algo ocorrerá e mudará tudo, e a outra que é a esperança-alvo, aquela que carregamos enquanto agimos, que nos dá margem a esperar por algo melhor, sem nos parecer o último dos recursos.

Trazendo de volta a discussão sobre religião, tive sempre a impressão de que ela se sustenta mais na esperança-caminho do que na esperança-alvo. Embora haja sempre aquela ideia de que Deus ajuda, mas que teríamos também que fazer nossa parte, acredito que a imensa maior parte das pessoas não põe em prática tal ideia. Afinal, esperar que Deus, todo-poderoso, se compadeça do nosso sofrimento e tome as rédeas da nossa vida, e por nós faça o que cremos que tem que ser feito. Aí passamos a outra questão: responsabilidade. Esperar nos exime dela, já que não somos nós os que temos que fazer o que quer que seja, mas o outro.

Mas não só Deus, claro. Pode ser a esperança de que o outro note certa situação-problema e tome, por nós, a iniciativa de resolvê-la. Sem que tenhamos que mover sequer um músculo. Mas a esperança-alvo, como a chamei aqui, não congela ninguém. Tampouco exime de responsabilidade aquele que a tem, já que ela é apenas aquela certeza de que, com a luta pessoal, o esforço diário, as superações pessoais, alcançaremos o que almejamos. Ela é companheira de viagem, só isso. Ao lado dela viajamos. A outra, bom, a outra é aquela que esperamos que nos carregue no colo...

Retomando a frase: tenha-a, mas não dependa dela...

Abraços e bjos!













domingo, 7 de fevereiro de 2010

Da efemeridade das coisas...

Tudo é efêmero. Tudo. Mas sempre acabamos por crer que certas coisas são eternas. Mas até mesmo a crença de que existem coisas eternas é efêmera. Cedo ou tarde acabamos nos deparando com isso, nem que seja, em útlimo caso, à força. A vida é um enigma? Não penso assim... Ela é enigmática a quem se propõe sobre ela refletir, pensar, matutar. Não é enigma a quem simplesmente a vive. A quem pensa sobre a vida em demasia, acaba por ter a ligeira sensação de que tem controle sobre o que lhe ocorre. Sensação, nada mais. Efêmera como é, como tudo é, a vida não se presta a ser pensada, mas vivida. Não que pensá-la seja um problema per se, mas quando se passa mais tempo pensando que vivendo, aí sim a coisa toda se complica. O tempo é a alguns maldoso, perverso, implacável. A outros é necessário até. Às vezes torcemos para que passe rápido. Outras vezes, para que sequer passe. É ele o responsável pela efemeridade das coisas. Não se apressa, nem se atrasa. Não se permite manipular, por mais que queiramos fazê-lo. Contraditório? Sim! Por isso mesmo o tempo, que faz da vida um constante e ininterrupto devir, é o que deixa tantos e tantos receosos, amedrontados, enclausurados, enfim, seguros da efemeridade das coisas... Seguros, mas não livres. Creio que as grandes decepções amorosas são fruto da crença na permanência das coisas e das pessoas. Quando se crê que o outro será o outro, sempre igual, é incorrer em sério problema. Por quê? Porque somos nós, também, ou até mais que todo o resto, efêmeros. Mas, apesar de efêmeros, continuamos sendo nós mesmos. Essa é a grande virtude do ser humano. Poder, ao longo da vida, passar a ser outro, sem deixar de ser si mesmo. Outra contradição? Sempre!

A borboleta é sempre usada como um exemplo de efemeridade, dada sua sempre curta vida. É também ela um dos símbolos da psique. Coincidência? Acho que não...

Enquanto escrevia pensava sobre a vida. Agora com licença que vou ali viver...