sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

É óbvio!



Quantas vezes já me deparei com isso? Em diferentes situações, pessoais e profissionais, ter que dar conta do óbvio. Mas se é óbvio, por que é tão difícil notá-lo? Justamente porque óbvio... Óbvio, não? Nada disso, nada óbvio... Se fosse óbvio notar que o óbvio é difícil de ser visto enquanto óbvio, o óbvio nos saltaria aos olhos, e uma vez saltando aos olhos, deixaria de ser óbvio... Não é óbvio? Mas se dar conta do óbvio é tarefa difícil, já que no cotidiano acabamos nos acostumando com certas coisas que outrora não eram óbvias, mas que se tornam óbvias. Se assim for, nós as tornamos óbvias. Fico pensando no trabalho do psicólogo... Faz parte do nosso trabalho não permitir que as queixas se tornem óbvias, que os sintomas se tornem óbvios, que as pessoas que nos procuram se tornem óbvias. Isso mataria qualquer possibilidade de ajudar quem quer que fosse, pois criaria fatalmente uma generalização absurda e perigosa. Nada é óbvio no discurso do paciente. Ou tudo o é? Bom, para ele certemente várias das coisas ditas são óbvias, e cabe a nós dar conta de perceber e sentir porque aquilo se tornou a ele óbvio. Mas a nós cabe não só ver o óbvio pelos olhos dele, mas dar conta de, com ele, discutir tal obviedade.

Reflexões sem rumo, nada óbvias... Ou serão?

Abraços!!!








quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Se fosse a vida um livro, não seria certamente um livro pronto, acabado. Seria um livro em que escrevemos enquanto lemos. Página por página, uma após a outra. Algumas delas leríamos inúmeras vezes, outras tentaríamos sequer ler. Algumas seriam escritas com absurdo prazer, em segundos, outras levariam anos para serem escritas. Em algumas gostaríamos de escrever outras coisas, e não aquilo que nos pegamos escrevendo. Em outras, escreveríamos exatamente o que intentávamos escrever. Um livro não só em branco, mas com um número indefinido de páginas, mas sempre com a certeza de que uma delas, cedo ou tarde, será a última. Em certos momentos procuraríamos alguém que pudesse, por nós, escrever. Em outros, alguém poderia nos tomar das mãos o lápis. Mas certamente só o faria com nosso consentimento, com nossa permissão. Alguns deixariam seu livro aberto, nele escreveriam sem preocuparem-se com quem os lê ou com o que lêem. Já outros, prefeririam escrever diários, daqueles de adolescente, com um cadeado do lado. E claro, além de nossos próprios livros, faríamos parte da história de inúmeros outros livros, quisessem seus autores que ali estivéssemos ou não, como nos nossos estão também muitos. Caberia a cada um decidir se escreveria um drama, ou um romance, uma comédia! Embora muito provavelmente haveriam, de fato, capítulos de drama, outros de romance, e ainda outros de comédia. Capítulos! O que demarcaria o fim de um capítulo? Certamente as mudanças importantes, as grandes transformações, quer o fim destes fossem ou não por decisão nossa. Quais as páginas leríamos inúmeras vezes? Aquelas às quais voltaríamos sempre que possível, ou sempre que necessário, ou que nos pegaríamos lendo mesmo sabendo que o melhor seria nem lê-las... Mas lendo-as ou não, elas estariam lá. Quantas delas gostaríamos de apagar? Ou arrancar!? Sem chance, impossível. Mas poderíamos reescrevê-las, isso sim! Porque páginas em branco nunca faltariam, embora alguns pudessem talvez não se dar conta disso. Haveria espaço nesses livros para a poesia? Sempre! Talvez alguns até o fizessem assim, poesia do início ao fim. Outros, porém, poderiam ter dificuldade em escrever poesia, por demasiadamente pensarem antes colocarem o lápis do papel. Seriam livros escritos por cada um de nós, com passagens tristes, outras felizes, outras de raiva, outras de esperança, outras de prazer, outras... Tantas outras. E o título? O título! Seria a parte mais difícil de todas, e só seria possível quando a última página estivesse sendo escrita...

E você? O que anda escrevendo no seu livro?


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Consciência da contradição...


Boa tarde, caríssimas e caríssimos! Eu de volta, depois de longo exílio em prol da dissertação de mestrado (só não pensem que acabou, estou aqui agora fingindo que acabou, só isso...). Mas então, essa foto quem me mandou como sugestão para o blog foi meu irmão (valeu Rafa!!!). Fiquei olhando e viajando nela: soldados nazistas sorrindo (sim, eles tb sorriam...), um gatinho, uma granada, uma flor. Apesar da nítida contradição, à primeira impressão, não é esta a maior das contradições da foto. Sempre penso nisso quanto às guerras: sabem os que lutam por que ou por quem, de fato, lutam? E nós, no dia a dia, sabemos nós por que ou por quem, de fato, fazemos o que fazemos? A essência deve sempre superar a aparência, na minha opinião. Quando saímos pro trabalho, pra escola, pra faculdade, será se temos real noção do que fazemos ou somente acreditamos estar fazendo algo que na verdade não estamos? Porque se é isso, estamos fazendo algo que não sabemos que estamos fazendo, certo? A certeza é inimiga da verdade, sem dúvida... Voltando aos soldados: pelo que lutaram? Por que mataram? Bom, aos frequentadores do blog espero já estar claro que sua pretensão não é responder, mas perguntar, tampouco ter certeza, mas sobretudo duvidar...

Abraços a todas e todos!!!

sábado, 2 de janeiro de 2010

Assalto...





Caríssimas e caríssimos! Feliz 2010 a todas e todos! E no primeiro dia do ano o que eu presencio? Um assalto!!! Sério, e por pouco não fui eu o assaltado... Antes que algum palhaço resolva fazer uma gracinha, não, nenhum dos dois estava com camisa do timão (era do cruzeiro! kkkkk). Estava eu tomando minha skol gelada no Skema ontem quando dois meninos, adolescentes certamente, começaram a rondar, e em poucos minutos um deles puxou uma arma da cintura e tentou levar algo de um pessoal que estava em uma mesa próxima. Na mesa estava uma família, com crianças e tal. Todos se assustaram e levantaram correndo da mesa, e sem saber o que fazer, os dois subiram numa bicicleta e sumiram. Imaginem a correria generalizada. Aos que não sabem, há uns anos atrás um homem foi baleado e morreu num assalto nesse mesmo buteco, então, imaginem a gritaria. Bom, passado o susto, e os comentários que escutei, do tipo: 'pena de morte é a solução!!!', 'não se tem mais sossego!!!', 'espero que peguem e batam bem nesses filhos da puta!!!', fiquei pensando neles, onde moravam, qual a história de cada um deles, coisas assim. E hoje fui ao cinema assistir 'Lula, o filho do Brasil'. Aí fudeu. Isso porque foi aí mesmo que fiquei encucado, pensando que são também, aqueles dois, filhos do Brasil, não são? E aí? Qual a diferença? O que faz um fazer tudo o que fez e outros seguirem rumos tão diversos na vida? Não me venham com o papo de que depende do caráter de cada um e coisa e tal porque não cola. Principalmente se for por um viés naturalista, do tipo 'nasceram assim', aí é que não concordo mesmo. Mas claro, não esperem nenhuma resposta, porque encucado fiquei, encucado estou, e encucado continuarei, com certeza...

Abraços a todas e todos!!!