sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

É óbvio!



Quantas vezes já me deparei com isso? Em diferentes situações, pessoais e profissionais, ter que dar conta do óbvio. Mas se é óbvio, por que é tão difícil notá-lo? Justamente porque óbvio... Óbvio, não? Nada disso, nada óbvio... Se fosse óbvio notar que o óbvio é difícil de ser visto enquanto óbvio, o óbvio nos saltaria aos olhos, e uma vez saltando aos olhos, deixaria de ser óbvio... Não é óbvio? Mas se dar conta do óbvio é tarefa difícil, já que no cotidiano acabamos nos acostumando com certas coisas que outrora não eram óbvias, mas que se tornam óbvias. Se assim for, nós as tornamos óbvias. Fico pensando no trabalho do psicólogo... Faz parte do nosso trabalho não permitir que as queixas se tornem óbvias, que os sintomas se tornem óbvios, que as pessoas que nos procuram se tornem óbvias. Isso mataria qualquer possibilidade de ajudar quem quer que fosse, pois criaria fatalmente uma generalização absurda e perigosa. Nada é óbvio no discurso do paciente. Ou tudo o é? Bom, para ele certemente várias das coisas ditas são óbvias, e cabe a nós dar conta de perceber e sentir porque aquilo se tornou a ele óbvio. Mas a nós cabe não só ver o óbvio pelos olhos dele, mas dar conta de, com ele, discutir tal obviedade.

Reflexões sem rumo, nada óbvias... Ou serão?

Abraços!!!








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