quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Se fosse a vida um livro, não seria certamente um livro pronto, acabado. Seria um livro em que escrevemos enquanto lemos. Página por página, uma após a outra. Algumas delas leríamos inúmeras vezes, outras tentaríamos sequer ler. Algumas seriam escritas com absurdo prazer, em segundos, outras levariam anos para serem escritas. Em algumas gostaríamos de escrever outras coisas, e não aquilo que nos pegamos escrevendo. Em outras, escreveríamos exatamente o que intentávamos escrever. Um livro não só em branco, mas com um número indefinido de páginas, mas sempre com a certeza de que uma delas, cedo ou tarde, será a última. Em certos momentos procuraríamos alguém que pudesse, por nós, escrever. Em outros, alguém poderia nos tomar das mãos o lápis. Mas certamente só o faria com nosso consentimento, com nossa permissão. Alguns deixariam seu livro aberto, nele escreveriam sem preocuparem-se com quem os lê ou com o que lêem. Já outros, prefeririam escrever diários, daqueles de adolescente, com um cadeado do lado. E claro, além de nossos próprios livros, faríamos parte da história de inúmeros outros livros, quisessem seus autores que ali estivéssemos ou não, como nos nossos estão também muitos. Caberia a cada um decidir se escreveria um drama, ou um romance, uma comédia! Embora muito provavelmente haveriam, de fato, capítulos de drama, outros de romance, e ainda outros de comédia. Capítulos! O que demarcaria o fim de um capítulo? Certamente as mudanças importantes, as grandes transformações, quer o fim destes fossem ou não por decisão nossa. Quais as páginas leríamos inúmeras vezes? Aquelas às quais voltaríamos sempre que possível, ou sempre que necessário, ou que nos pegaríamos lendo mesmo sabendo que o melhor seria nem lê-las... Mas lendo-as ou não, elas estariam lá. Quantas delas gostaríamos de apagar? Ou arrancar!? Sem chance, impossível. Mas poderíamos reescrevê-las, isso sim! Porque páginas em branco nunca faltariam, embora alguns pudessem talvez não se dar conta disso. Haveria espaço nesses livros para a poesia? Sempre! Talvez alguns até o fizessem assim, poesia do início ao fim. Outros, porém, poderiam ter dificuldade em escrever poesia, por demasiadamente pensarem antes colocarem o lápis do papel. Seriam livros escritos por cada um de nós, com passagens tristes, outras felizes, outras de raiva, outras de esperança, outras de prazer, outras... Tantas outras. E o título? O título! Seria a parte mais difícil de todas, e só seria possível quando a última página estivesse sendo escrita...

E você? O que anda escrevendo no seu livro?


2 comentários:

  1. Simplesmente... Adorei esse texto, César!

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  2. Pra mim esse é seu melhor texto até agora!!! que bom que posso participar do seu livro e vc do meu! nada é por acaso! um beijo enorme! sucesso!

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